quarta-feira, 22 de outubro de 2014

FESTA FELA




Celebração anual tributo à Fela Kuti

Dia 31 de outubro acontece em São Paulo a VIII edição da Festa Fela, celebração anual em homenagem a um dos maiores músicos e líderes políticos da África - Fela Anikulapo Kuti

Trata-se de um evento anual e itinerante, que celebra a obra do músico e ativista nigeriano Fela Kuti (15/10/1938-02/08/1997), criador do Afrobeat (mistura de música tradicional africana com a influência do jazz e do funk norte-americanos, da Salsa, do Calipso com Juju e Highlife). 
Com mais de 70 discos gravados, ele foi também o principal porta-voz de oposição à ditadura vigente na Nigéria assim como das denúncias sobre a miséria e violência no continente africano, marcas que ainda ecoam do processo de colonização europeu. Fela também é lembrado pela difusão do ideal pan-africanista no mundo.
Homem paradoxal, humano e imperfeito que só poderia ser um revolucionário, assim como síntese da própria África dilacerada, dividida à força, marcada por contrastes.

Neste ano, a festa também irá homenagear Funmilayo Kuti, mãe do músico e ícone do movimento feminista africano, que foi a primeira referência de luta política do músico. 
Bere, como era conhecida em Abeokuta, foi uma figura incansável, primeira nigeriana a dirigir um carro e a viajar, nos anos 50, para União Soviética, China, Polônia, Iugoslávia e Berlim Oriental durante a "Cortina de Ferro", por seu envolvimento com organizações internacionais de mulheres. O livro "For women and the nation: Funmilayo Ransome-Kuti of Nigeria" conta a sua trajetória de vida, desde as contribuições educacionais, até os conflitos diretos com a ditadura na Nigéria, que acabaram por levá-la a morte após a mais violenta invasão à República Kalakuta, onde foi atirada pela janela por militares.
Assim, a VIII Festa Fela, saúda a progenitora Funmilayo Ransome Kuti: mulher africana que lutou por justiça social, igualdade de gênero, pela liberdade e morreu acreditando no bem coletivo.

As idéias de Fela a respeito da liberdade de expressão, dos impasses sociais causados pelo devastador processo expansionista capitalista, em que a população nativa original é sempre massacrada em prol do mercado, ecoaram com o tempo através de sua música, seus urros, as vozes doces e estridentes de suas rainhas de Kalakuta. Se hoje falamos tanto desse homem e de seus ideais coletivos, é porque sua arma, a cultura, foi mesmo a mais poderosa, original e inclusiva daqueles que estão à margem do sistema selvagem social e econômico vigente.

Para esta edição especial, convidamos o coletivo de mulheres negras do "Manifesto Crespo" para fortalecer o resgate das origens culturais e estéticas africanas no Brasil.
O coletivo oferecerá uma oficina de turbantes durante a celebração, além de uma exposição de fotos da artista Nina Vieira e uma banca com tecidos que estarão a venda. 
O Manifesto Crespo quer promover o universo da estética negra brasileira, e também o intercâmbio com outros países da África e diáspora negra, principalmente ao que se refere à moda e produções artísticas do cabelo crespo, levando em consideração a relevante importância dessas criações, que trazem expressiva contribuição para o resgate da africanidade de um povo, mantendo vivo o modo africano de cuidar e se relacionar com o cabelo. O coletivo tem como foco central a discussão sobre como o cabelo crespo pode e deve ser encarado de uma forma criativa, fazendo com que se desmistifique a idéia de que existe cabelo ruim. O negro com seu cabelo e sua cultura são fonte de infinitas criatividades e de beleza! 

Viva Fela! Viva Funmilayo Kuti, Afa Ojo, aquela que comanda a chuva!

LINE-UP VIII Festa Fela
Discotecagem 100% vinil

Djs
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MZK
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Vini Marson

Apoio: Tsika Cultural

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